domingo, 2 de novembro de 2008

Somos assim? _



Por vezes apetece submergir no lago da nossa existência, percepcionando apenas o mudo apaziguador do silêncio que aí vigora.

Enfadado estou do mundo carpideiro que teima em insistir na desgraça da ambição irrealizável que corrobora toda a mísera criatura que nele habita.
Para quê viver na esperança do metal mineiro a que chamam de dinheiro, se não é ele que nos oferece a garantia de O2 para respirar, nutrientes para sobreviver, amor para viver?
Consta que o mundo gira não porque o sonho comanda a vida, mas em virtude de altas apostas que os humanos, magnatas por excelência, realizam no seu dia-a-dia, apostando a sua vida, o futuro, a natureza, como se de um casino tratasse.
Não condeno ninguém por essa atitude, eu como ser elementar desse mesmo mundo, também me encontro enredado na complexa teia que a todos prende. No fim, somos todos mortais…

Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fossemos de ferro (Freud)

Resta esperar que dentro de nós, se encontre a moral e a ética – talvez em exílio, excomungadas pela sociedade que se auto promove de ideal.

Num segundo...

Tic-Tac… os segundos atropelam-se freneticamente a cada dia que passa… impiedoso relógio que não se compadece da natural serenidade da nossa ampulheta vital! Uma Batalha perene do homem contra um dos seus grandes adversários, o Tempo.

Como encontrar a desejada homeostase entre tão grandes oponentes?

Quebrar a corrente do tempo é inexequível, verdadeiramente utópico, se até Deus, Nosso Criador, não foi capaz de rescindir de 7 preciosos dias, para concretizar toda a sua criação.
Esconder, qual avestruz, o pescoço na areia e esperar pelo amanhã (que na eminência apocalíptica pode nunca surgir), não aparenta igualmente ser a melhor alternativa.

Subsiste uma última opção…
Enfrentar tamanho jugo, vivendo e sentindo plenamente, a pequena gota de chuva que cai, a onda do mar que ameaçadoramente se acaba por esmorecer na costa… De facto, a menos dócil das opções, pois exige do Homem o devido atrevimento… Dos fracos não reza a história… O sol em cada manhã arroja-se com o brilho dos seus raios, do pequeno casulo irrompe a frágil e atrevida borboleta que tão belo sentido estético atribui aos quadros de Monet

Da mesma forma,
como ser alado que és, solta as asas e vive fulgorosamente… atreve-te, nem que seja por um segundo

Sinfonia opus humanidade



Sim, é no mundo, nesta esfera terrestre, ícone da matéria, onde o ser humano, tantas vezes apelidado de criação divina, elemento de essência quase etérea, sublime, se estrutura e exerce a natural interacção com o que o envolve numa sinfonia orquestral de movimentos unificados de compasso ternário: indivíduo, natureza e sociedade – sob a batuta de algo ou alguém a quem in-conscientemente o homem se entrega…

Não obstante, é também neste mundo, onde, de forma inevitável, o carácter funéreo se estabelece, como forte barítono da finitude a que a todas as estruturas vitais se encontram sujeitas…Será esta a signa humana? Sujeição? Ao Deus terrível, à sua própria fugaz existência neste mundo?
No entanto no meio dos padrões densos e sonoros interpelam-se pausas, momentos onde o silêncio se revela, na simplicidade que o caracteriza… momentos singulares onde a condição mais nobre do homem se pode expressar, no cruzar de olhares, no sorriso tímido que pari passu se torna comprometedor e declara por fim, o amor…solta-se o beijo… indubitavelmente o sentimento que nos acomete à vida, e rascunha um traço de positivismo em toda a nossa existência… subscrevo o carpe diem